27.2.06

George viaja para Nova Iorque

No dia em que caiu 60 cm de neve em Nova Iorque, meus olhos se voltaram para aquela grande cidade cosmopolita. Achei que poderia visitar aquela cidade cosmopolita, de gente bonita, de gente de todas as cores. Queria me misturar nas cores, eu mesma, que tenho as cores indefinidas das raças que se misturaram no Brasil para formar um povo rico e feliz; o brasileiro. O negro, o índio e o branco europeu formaram o povo brasileiro, assim aprendi nos livros de história. E bem, é verdade, eu sou o resultado desta mistura. O povo brasileiro é um povo que ri contente da sua miséria e das suas dores. Que esquece todo o sofrimento e pesar e dedica-se a festejar o carnaval. Ah, o carnaval. Aqui onde estou não tem samba, não tem ritmo, não tem as cores do carnaval. Não tem a despretensão do axé que sem pretensão nenhuma não faz mais do que incitar os corpos a dançar.

Nova Iorque é assim, sem pretensão nos convida para a vida e a vida em Nova Iorque é a arte, é as ruas, os grandes letreiros luminosos que anunciam todo o tipo de diversão ou perversão. Os letreiros luminosos que anunciam todo o tipo de negócios. Somas de dinheiro, somas de ações. Pretensões. Nova Iorque tem a pretensão de ser a cidade mais cosmopolita do mundo. Lá todos os tipos se encontram. Os tipos elegantes, os tipos falantes, os tipos despojados. As cores da Nova Iorque se fundem nas cores dos corpos, plumas, botas e calças da moda. A moda desfila em Nova Iorque. Nas ruas, nas avenidas. A não-moda também desfila por lá. Lá se pode ser chique ou alternativo sem que ninguém se incomode com isso. Quando caiu 60 cm de neve em Nova Iorque, mulheres andavam pelas ruas com botas de salto agulha. Mas do que a neve, aquela imagem me impressionou. As mulheres chiques, vestidas de negro que andam em salto agulha sobre as ruas cobertas de neve daquela cidade quase fictícia.

A cidade fictícia se fundiu em minha imaginação e pude viajar até lá em meus pensamentos. Cidade de algruras e de dor também. Existe poobreza, gente mal vestida e mal alimentada sem ser por opção. Gente que pensa e gente que apenas executa trabalhos rotineiros e repetitvos para sobreviver na cidade.

Passear pela cidade. Alimentar o corpo e o espírito em bons restaurantes, museus e bibliotecas. Uma semana em Nova Iorque. Respirar o ar poluído e identificar o que pensam as pessoas. Escutar as conversas nas ruas, nos bares. Viajar de carro, sete horas de Sherbrooke à Nova Iorque. Georges, meu amigo viaja para Nova Iorque. George me convidou. É claro que não vou, não tenho visto americano. Não vou para Nova Iorque mas sou livre para pensar Nova Iorque.

14.2.06

Feliz St.-Valentin!

Feliz dia de St. Valentin!

Gente, hoje é o dia do santo casamenteiro da América do Norte. Além de ser o dia dos namorados, é também um dia para celebrar a amizade. Os amigos festejam este dia, enviam mensagens e se dão presentes.

Na quinta-feira teremos uma festa de St-Valentin da Associação de estudantes de mestrado e doutorado. Um amigo também nos convidou para um jantar à italiana no seu chalé. Isto não é genial?

Moqueca e alguns comentários sobre hábitos do Québec
Pode uma autêntica baiana precisar de ajuda de amigos curitibanos para preparar uma moqueca de peixe com camarão? Pois é, esta vossa amiga aqui convidou a Wal, a curitibana para ajudá-la a preparar uma muqueca no último domingo. Fomos comprar o peixe na última hora e não encontramos um peixe assim, um peixe de moqueca. Resolvemos pegar bacalhau, congelado mesmo e não é que deu certo. Uma super-moqueca, baiana-curitibana-quebequense.

No próximo sábado a Wal já nos convidou para fazer o famoso "macarrao de barranca", prato que seu pai é um especialista. Vocês também estão convidados. Tragam um vinho ou uma sobremesa. Sim, sim, lembre-se que aqui no Québec quando você é convidado para um jantar, é de bom tom levar algum "cadeau gourmet" para os donos da casa. Um vinho, um pão artesanal, uma sobremesa. Jantar entre amigos se costuma definir o que cada um vai levar ou mesmo se divide as despesas. Mas também fazem-se jantar onde ninguém é indicado para levar nada. Ainda assim, leve. É sempre de muito bom tom.

O dia da marmota
O dia da marmota, vocês já ouviram falar neste dia? Pois é, eu também não sabia. Acontece que é uma festa norte-americana também, e isto inclui o Canadá inglês.Aqui no Québec nunca ouvi ninguém dá bola para isso. O dia da marmota é comemorado no dia 2 de fevereiro.

Existe até uma comédia americana sobre o tema com o Bill Murray. Acabei vendo o filme da tal história, dormi a maior parte do tempo. É uma comédia simples, mas no fundo diz o quanto as pessoas precisam realmente mudar para amar e ser amadas. Não é simples conviver com outra pessoa!

Bom, mais o dia da marmota é comemorado com pompa numa pequena cidade do EUA que não lembro agora.

O que significa? Significa que, se a marmota sair da sua toca e ver a sua sombra, ela entrará de novo na sua toca porque o inverno vai continuar por seis semanas. O contrário significa que as temperaturas serão menos rigorosas. A primavera chegará logo.

Acho que a marmota de Sherbrooke não viu a sua sombra...

10.2.06

Eu amo o inverno!

O meu amigo Alexandre do Contos & Cultos escreveu um comentário sobre a sua paixão pelo frio e como ele inveja o frio que passo aqui no Québec.

Eu também amo o inverno! E é bom dizer que o inverno aqui no Québec tem uma característica especial, quanto mais baixas as temperaturas, mas o céu se mostra azul em todo o seu esplendor. Um sol fulgurante em brilho e beleza ornamenta este céu, mas o seu calor não chega até nós porque as temperaturas estão em torno de -20 graus. O problema é que este ano de 2006 estamos com um inverno europeu. Temperaturas amenas, de -5. -13 graus, e um céu cinzento, sem cor, sem brilho, sem beleza e um pouco de neve.

É bom avisar que a neve é linda, branquinha, mas nem sempre fofinha. Há vários tipos de neve, uma neve levinha que voa com o sopro do vento e que causa o que é chamado aqui de "poudrerie", que é uma espécie de poeira de neve, se é que podemos chamar assim. A poudrerie causa um fenômeno interessante, as montanhas de neve. Quando vi este fen^meno a primeira vez, eu me reportei ao fênomeo das dunas das praias de Natal e Fortaleza.

A neve que cai leve e soltinha, com a diminuição da temperatura, vai ficando mais colante; é esta neve que podemos fazer o famoso Bonhomme de neige, ou o Boneco de neve. Mais as temperaturas caiem mais a neve fica mais dura e aí não dá para fazer o Bonhomme de neige. O pior é quando as temperaturas sobem e começa a chover. Então a neve vira gelo, como o gelo e as ruas ficam completamente deslizantes, é o "verglas", ou seja, uma camada fina de gelo que se forma sobre o solo, asfalto, seja lá o quê. Ruim para andar, perigoso para mesmo para a circulação de veículos. Aqui temos que ficar bem atentos a qualquer mudança de temperatura. Se há a previsçao de chuvas após ter caído muita ou um pouco de neve, prepare-se para "pelleter" a neve ao redor da casa, senão será impossível caminhar. Os serviços da prefeitura também passam com caminhões com dispositivos especializados para retirar o excesso de neve, mas sempre fica uma camada fininha em algumas ruas menos movimentadas. E as vezes nem dá tempo de fazer isso.

Motos no inverno, nem pensar! Andar de moto aqui só no final da primavera e nos dois meses que duram o verão, junho e julho. Agosto já está frio para se aventurar em cima de uma moto, ao menos que você use roupas bem quentes.

Imaginem um brasileiro e sua família que imigram para o Canadá. Lá no Brasil ele não estava habituado a acordar uma hora antes no inverno, porque as vezes você vai precisar de uns vinte minutos para raspar a neve que fica grudada no carro. Tem que ligar o carro antes, porque assim, com o aquecimento do motor fica mais fácil a neve derreter. Outra coisa, se você deixar o carro parado uns dois dias de inverno, bom, na hora de sair você precisa jogar sal em volta dos pneus. O sal ajuda a neve a derreter.

Bem-vindos ao país do inverno! Et vive l'hiver!

7.2.06

Inverno, pesquisa, coisas a refletir

O inverno chegou com força. A neve caiu pela primeira vez em Sherbrooke no dia 25 de novembro. Havia mesmo a promessa de inverno rigoroso, mas qual nada que após os primeiros dias frios de dezembro, começamos a ter dias primaveris. A neve derretia e até mesmo choveu.

Muita expectativa para os meses de janeiro e fevereiro, meses considerados mais frios do inverno do Québec e outra vez, nada, nada de frio. Os primeiros dias de fevereiro trouxeram mesmo o frescor da primavera. Pássaros cantando, esquilos correndo pelas ruas. A natureza parecia acordar, mas eis que nesta semana a neve voltou a cair, leve, bonita, especialmente preparada para a alegria das crianças que fazem os bonecos de neve e também para alguns nem tão crianças assim que amam escorregar na neve com um trenó ou uma prancha. Alegria para as estações de ski que já marcam um prejuízo nunca visto nesta época.

Aqui a neve que caiu nos últimos dias:




Journée de la recherche
Hoje participamos da Journée de la recherche da Universidade de Sherbrooke. Um grande evento onde alunos e pesquisadores se inscrevem para divulgar os seus trabalhos.
Eu gostei muito deste trabalho de mestrado em Filosofia. Frase que o resume:
S'il est une chose à retenir de ce memoîre: Le temps nous est compté, de quoi seront nous heureux de le combler?. Algo como: " Uma coisa que nos resta a guardar desta dissertação: O tempo que nos resta é curto, seremos felizes em ocupar este tempo?"



Apresentei meu trabalho de pesquisa também. Vejo que consegui avançar desde o momento que aqui cheguei, principalmente na forma de pensar e ver a pesquisa na universidade.

Gosto do que faço e espero estar vivendo bem o tempo que me foi concedido.