23.10.07

Coisas da vida

Quando criança gostava muito de escrever e ler. Este gosto pela leitura e escrita me acompanham até hoje, e não é à toa que escrevo este blog!

Uma certa vez inventei de escrever um livro intitulado exatamente Coisas da vida. Eu era muito criança, devia ter entre 9 e 10 anos. Apesar da tenra idade, era observadora. Observava tudo ao meu redor.

Nas minhas observações percebi o amor que meus pais demonstravam por mim e meus irmãos. Percebi a dor de outras crianças que não tinham este mesmo tipo de amor. Percebi que haviam pessoas que possuiam mais bens que outras. Nossa família mesmo era uma família de poucas posses. Percebi que havia pobreza, que havia riqueza, que havia casas belas e imensas e outras pequenas e desprovidas de tudo necessário para se viver.

Também percebi que havia fome, pessoas que passavam fome. Também percebi que havia glutonaria, pessoas que se empanturravam de comida e até jogavam no lixo. Enquanto os glutões disperdisavam comida, outros com fome, coletavam no lixo as sobras para conseguirem sobreviver.

Em resumo, tirei a conclusão que eram coisas da vida. Fome, glutonaria, amor, desamor, alegria, tristeza, saúde, doença, guerra, paz, conciência, inconsciência, calma, desespero...

A lista era longa. Comecei a listar tudo através de antônimos mesmo. Na primeira parte do livro coloquei somente as coisas que achava positivas como amor, alegria, paz, e outras. Na segunda parte deixei para as negativas.

O livro era ilustrado por mim mesma, tinha meus desenhos. Os textos foram escritos por mim mesma, faziam parte das minhas observações e reflexões; de coisas que havia escutado, lido, interpretado.

Um dia uma tia minha que andava muito lá em casa pegou este livro em cima da mesa e abriu justamente na página em que falava sobre a indecência das pessoas. Não sei porque essa minha tia escolheu justamente este capítulo! Havia muita coisa mais interessante para ler. O fato é que ela começou a ler alto diante de todo mundo e eu fui mudando de cor. No final do texto ela ainda falou que não era possível que eu, uma menina tão nova houvesse escrito aquelas coisas!

Fiquei muito magoada, podem ter certeza disso. O livro sumiu e eu não quis saber mais de escrever sobre estes temas, pelo menos não daquela forma ilustrada e com textos bem explicativos.

Lembrei dessa história agora porque algumas pessoas me escreveram após o post E a vida continua para me incentivar e dizer que estavam felizes por me verem de volta. Algumas delas quiseram saber o que aconteceu. A resposta é pura e simples: coisas da vida.

7 comentários:

Anônimo disse...

Que as coisas da vida só lhe tragam coisas boas menina! Que seu próximo livro seja intenso e belo como você!

Beijos!

Elyene disse...

Alexandre! Obrigada sempre por suas palavras de motivação e carinho!

Manuel M. Henrique Filho disse...

Elyene como Educador fiquei com ódio e pena da sua tia, pois ela não conseguiu arrancar de você o que consequentemente você se tornou, uma pessoa cheia de coisas boas para disseminar.
Felicitations.
A bientot

Anônimo disse...

Prezada Elyene, encontrei seu blog procurando colaboradores para um grande projeto cooperado que estamos desenvolvendo no Brasil.

Chama-se O Pensador Selvagem, e será um site (http://opensadorselvagem.org) que tratará de integrar, como se fosse uma grande e interligada revista, várias áreas do conhecimento.

Dentro desta revista, estaremos publicando uma seção chamada "Este País", onde pessoas que moram fora do Brasil contarão suas experiências de vida através de textos e imagens (áudio e vídeo são possíveis, para os mais "tecnológicos") no exterior. A publicação poderá ser feita em português ou na língua nativa de sua moradia (ou, inclusive, em ambas, se assim o desejar).

Para poderes participar, deves ter disponibilidade de enviar-nos um arquivo (texto/imagem/texto com imagens/som/video) pelo menos 1x/semana ou, em casos excepcionais, a cada 2 semanas.

Se houver interesse de sua parte em participar deste projeto, que contará com a participação de pessoas de todo o mundo, aguardamos seu contato. Será uma ótima oportunidade de agregar e congregar pessoas interessantes que tenham no coração e no espírito experiências para compartilhar.

Além disso, também poderás colaborar dentro das diferentes Seções de que o site irá dispor, de acordo com sua profissão ou área de interesse. Se gostas de escrever sobre algum dos assuntos enunciados em nossa Carta-Convite (http://opensadorselvagem.org/carta_convite_ops.pdf), sinta-se à vontade de nos contatar através do e-mail contato@opensadorselvagem.org. Se tens vontade de escrever sobre um assunto que ainda não se encontra por lá, que tal nos contatar e ver a possibilidade de criar uma nova Seção? O site, eminentemente colaborativo, aceita este tipo de sugestão e estará sempre aberto a boas idéias.

Um abraço fraterno,

Rafael Reinehr e a Equipe d'O Pensador Selvagem.

david santos disse...

Por favor!


A FILHA DO JUIZ

Punhos de oiro nas mangas da blusa da filha do Juiz,
Punhos estáticos na cama de Flavia,
Terá sido esta a justiça que o povo quis?
Haver mulher com filha cheia de tudo sem nunca andar grávida?

David Santos

Anônimo disse...

Menina...quase chorei de felicidade ao te ver comentando no meu blog! Faz muito tempo que não te 'vejo'. Me conta o que anda fazendo por aí nessa terra maravilhosa e fria. Por que parou de postar????

Saudades e Beijos!

Elyene disse...

Alexandre! Mais uma vez obrigada. Adoro ler seus textos, vc sabe. Mas estou cada vez sem tempo de fazer o que gosto; ler e escrever. bj