11.1.06

Eleições no Canadá

O ano de 2006 é o ano de eleições gerais no Canadá. No Brasil teremos eleições também, mas as eleições no Brasil são um capítulo à parte. De qualquer forma durante os debates entre os candidatos canadenses, consegui entrever qualquer semelhança entre a situação do presidente Lula e o primeiro ministro Paul Martin. Os dois estão cercados de denúncias de corrupção mas continuam agindo como se a coisa toda nada tivesse a ver com eles.

Fiquei mesmo admirada com a posição do Paul Martin, seguro de si, um discurso sempre pronto e bem estabelecido para qualquer questão.

É preciso explicar que as eleições foram antecipadas no Canadá por causa de denúncias de corrupção, o famoso Relatório Gommery, ou Rapport Gommery. O realtório esclarece pontos sobre o escândalo de commandites (fundos públicos usados para fazer publicidade para o partido liberal). Após este acontecimento, o governo perdeu o apoio do congresso que declarou eleições antecipadas.

Bem que este tipo de coisa podia acontecer no Brasil, não é verdade?

O autor do relatório é o juiz John Gomery. O realtório saiu em forma de livro e corre o risco, de acordo com o jornal Le Devoir, de ser uma das obras mais lidas em 2005.

O problema é que o Paul Martin continua como candidato, isto eu não consigo entender. Como é que ele teve apoio do seu partido em meio a tantos escândalos? Bom, é preciso esclarecer que o escândalo de commandites aconteceu na época que o Paul Martin era ministro de finanças do governo de Jean Chrétien, e muita gente acha que o Martin é inocente e ficou calado para não prejudicar o ex-primeiro ministro.

Além do Paul Martin, do Partido Liberal, os outros candidatos são: Jack Layton (NPD) Gilles Duceppe (Bloco québécois) Stephen Harper (Parti conservador).

O candidato do NPD, algo como partido neo-democratico, lembra algum personagem sa;ido das telas dos filmes de western americano. Apesar disso, ele é de origem québécoise e fez questão de enfatizar isto durante o debate. Com uma performance um tanto inócua, o candidato do NPD todo o tempo atacava o governo liberal e dizia que o seu partido seria a solução para os problemas do país.

O candidato do partido conservador apresenta uma proposta consistente e dá o seu recado de forma sintética. Ele também enfatiza em todo o momento que a solução é votar no seu partido. Foi considerado o ganhador do primeiro debate com folga em relação aos outros. Creio que o segredo foi realmente falar o essencial, sem muitos rodeios e conjecturas.

O candidato do bloco québecoise, Gilles Duceppe é bem preparado e tem um discurso convicente, sempre alinhavado com a questão social, realmente a marca do Québec. Mas o bloco québecoise prega um Québec livre e independente, uma nação. Para mim fica meio estranho um separatista candidatar-se a primeiro ministro de um país do qual deseja separar-se. Então a sua primeira medida seria dar o direito do Québec livre?

Perguntei isto aos amigos surveinistes (separatistas) e eles não vêm problema algum. Sabem que o Gilles Duceppe não tem a menor chance, mas ele representa o Québec, e sua representação é um meio de pressão para o governo federal.

No segundo debate, em francês, Gilles Duceppe foi de longe o grande vencedor. Seguro, com questões pertinentes a todo momento. Paciente, fazia comentários bem claros e em dado momento fez até mesmo o Martin chamar o Québec de nação.

Foi interessante também ver o Gilles Duceppe chamar o Paul Martin de Jean Charest. Ele desculpou-se, é claro, e disse que os dois são muito semelhantes. Eu já tinha feito este comentário no início do debate, pois muito da fala do Paul Martin, reportou-me ao debate entre Jean Charest e Bernard Landry (ex-chefe do Partido québécois).

O mais interessante de tudo é que a Radio Canada não chegou a declarar o ganhador do debate de ontem. No debate de segundo a TV fez questão de cantar aos quatro cantos que o grande vencedor doi o candidato do partido conservador.

Alguma semelhança com uma famosa rede de televisão no Brasil?

2 comentários:

Luis disse...

Cara Elyene,

Posts como este são de grande valia para quem, como eu, está se preparando para viver no Québec.

Volte a escrever sobre estes assuntos (política, economia, etc), que a gente agradece.

Abraços, Luís.

Alexandre Costa disse...

É Elyene
Em todo o lugar a merda é a mesma, só mudam as moscas...heheheh!

Alexandre