30.10.08

Morrer... dormir... mais nada...

Monólogo mais famoso de "A Tragédia de Hamlet, Príncipe da Dinamarca", de Shakespeare

(HAMLET): Ser ou não ser... Eis a questão. Que é mais nobre para a alma: suportar os dardos e arremessos do fado sempre adverso, ou armar-se contra um mar de desventuras e dar-lhes fim tentando resistir-lhes? Morrer... dormir... mais nada... Imaginar que um sono põe remate aos sofrimentos do coração e aos golpes infinitos que constituem a natural herança da carne, é solução para almejar-se. Morrer.., dormir... dormir... Talvez sonhar... É aí que bate o ponto. O não sabermos que sonhos poderá trazer o sono da morte, quando alfim desenrolarmos toda a meada mortal, nos põe suspensos. É essa idéia que torna verdadeira calamidade a vida assim tão longa! Pois quem suportaria o escárnio e os golpes do mundo, as injustiças dos mais fortes, os maus-tratos dos tolos, a agonia do amor não retribuído, as leis amorosas, a implicância dos chefes e o desprezo da inépcia contra o mérito paciente, se estivesse em suas mãos obter sossego com um punhal? Que fardos levaria nesta vida cansada, a suar, gemendo, se não por temer algo após a morte - terra desconhecida de cujo âmbito jamais ninguém voltou - que nos inibe a vontade, fazendo que aceitemos os males conhecidos, sem buscarmos refúgio noutros males ignorados? De todos faz covardes a consciência. Desta arte o natural frescor de nossa resolução definha sob a máscara do pensamento, e empresas momentosas se desviam da meta diante dessas reflexões, e até o nome de ação perdem. Mas, silêncio! Aí vem vindo a bela Ofélia. Em tuas orações, ninfa, recorda-te de meus pecados.

20.8.08

Sobre a vida e sobre a morte

A vida ensina, dizem e é verdade. Cada experiência que passamos, cada sucesso, cada fracasso, cada alegria ou decepção nos ensina a ser melhor da próxima vez; não cometer os mesmos erros, não se entusiasmar tanto, agir com mais cautela. Nem sempre aprendemos, isto é certo, mas tudo isso nos ensina.

Dizem também que a morte é de está vivo, mas quem está vivo não se acostuma com este fato. Ver amigos e parentes queridos morrerem é muito doloroso. Dói pela perda do ente querido e dói pela certeza de que não somos eternos, os que amamos não são eternos. Pelo menos neste plano em que vivemos. Nos consola a certeza de que nos encontraremos em outro plano. Assim quando consolamos as crianças ao dizer que a pessoa que morreu está no céu, queremos também consolar a nós mesmos.

Diante de fato tão real e tão cruel que é a morte, muitos decidem desacreditar na vida e passam a vê-la somente dentro do plano material. Somos matéria, fadados à finitude, isso é tudo, dizem. Morrer, acabou, não nos resta mais nada, pregam.

Mas o que a vida nos ensina sobre a morte? A vida nos ensina que a morte é uma conseqüência natural da vida. As plantas, morrem, os animais, nós morremos também. E por que sendo a morte uma conseqüência natural da vida não nos acostumamos com ela? Penso que a resposta está no fato de amarmos a vida e no nosso de não finitude. Mesmo em condições difíceis, diante de uma doença grave, o nosso desejo de viver pode aumentar.

Queremos viver! Às vezes nos perguntamos como pessoas em situação de risco, como guerras, conflitos ou catástrofes lutam até o último minuto pela vida. Lutam para viver. Lutamos pela vida todo o tempo, esta é que é a verdade. Então diante da morte lutamos diante da realidade de perdê-la. Mas se olharmos a natureza e todos os seres viventes e não viventes, vemos que a vida está nela e que tudo e todos que por aqui passam deixam um pouco de si. Somos elemento da terra, somos pó como diz a Bíblia, lá também diz que o corpo volta ao pó de onde veio e a alma volta para Deus que a deu. Pensemos nisto.

Adeus a uma amiga que partiu

No último fim de semana nós perdemos uma pessoa querida. Ela se foi, nos deixou com muitas saudades e ela mesma relatou em cartas a saudade que sente de todos nós. Uma alma boa e tranqüila é a nossa amiga Rita, diligente, trabalhadora, uma boa ouvinte. Cada vez que a encontrávamos no seu salão, ela nos recebia com um sorriso terno e acolhedor.

Não lembro de tê-la ouvido reclamar da doença que sofria; não lembro de tê-la ouvido maldizer, reclamar da dor ou do cansaço. Ao contrário, ela trabalhava com alegria, seu semblante transbordava de satisfação em ver o seu trabalho realizado, em nos deixar mais bonitas. Certamente Rita amava seu trabalho e o fazia com grande satisfação. Certamente foi-lhe muito difícil abdicar do seu trabalho nos últimos anos por conta das complicações da doença; ela só parou de trabalhar no dia em que realmente o seu não respondia bem a ao seu desejo de estar de pé e atender suas clientes com o seu belo sorriso.

Sim, seu corpo deixou de obedecer a sua vontade de viver e lutar nos últimos meses. Diante de uma cirurgia eminente ela passou a se preparar para partir. Todos que a encontraram no período antes do seu internamento relatam esta impressão de despedida. E ela realmente partiu quinze dias após ter feito a cirurgia. Antes da cirurgia, no dia 03 de agosto, Rita escreveu cartas para os amigos, clientes e também cartas individuais para alguns membros da sua família.

Foi muito tocante ouvir as suas últimas palavras para nós, amigas e clientes. Amigas, sim, porque aprendemos a amar e a admirar uma pessoa com tanta vontade de viver e lutar como a nossa querida Rita.

Quero deixar aqui registrada a minha homenagem a Rita, doce amiga que partiu pois seu corpo não pode mais obedecer a sua vontade de viver e lutar.

25.2.08

O inverno dentro de mim

Por que será que o sol parece não brilhar mais?
Por que será que a lua perdeu sua beleza
e não mais resplandece sob o céu negro?

As trevas se apossaram de tudo.
Não há luz e os passos são trôpegos e difíceis.

As estrelas cessaram de aparecer sob o céu.
As noites são longas e tenebrosas.

Por que será que o inverno toma conta do tempo?
Por que será que é tudo frio e sem vida?

A gélida sensação de um vento que corta o espírito
tomou conta daquele corpo.

A brisa leve e suave não subsiste diante do vento impetuoso e frio.
Os dias são são sombrios e cinzentos.

Por que será que os campos não florescem mesmo quando
o inverno do tempo vem a terminar?

Por que será que a erva do campo fenece?

Os campos de trigo estão vazios.
As flores não brotam.
As árvores não crescem.

A vida se esvai lentamente.

20.2.08

A lua vermelha

Hoje um eclipse lunar fará com que a lua fique sob a sombra da Terra. A lua ficará completamente vermelha.

A lua dos amantes. A lua iluminada. A lua que brilha e que enternece os nossos corações ficará vermelha como sangue...Ela chora, chora como um amante apaixonado que sente saudades do seu objeto de amor.

A lua plena que brilha e ilumina os passos do caminhante numa noite escura.

Agora os seus passos deixam um rastro de sangue...

15.2.08

Sob o sol do Camboja

Sousday é a palavra em cambojano para dizer Bom dia! Sob o sol, dizer algo assim parece t­ao concreto, tao preciso e ao mesmo tempo tao belo, tao singelo.

Sinto-me sob o sol do Camboja, nasceu o pequeno Rémy. Com seus cabelos densos e negros, seus olhos orientais inconfundíveis, atentos, apesar da sua tenra idade.

Com a pequena Molika de dez anos acompanhei a gloriosa semana do nascimento do seu irmaozinho. O nome escolhido em família, a apreensao pela falta de contraçoes, sinal do parto iminente.

O dia chegou, o internamento no hospital. Acompanhar Molika à escola e aguardá-la para o jantar. Uma maravilhosa semana com a companhia instigante desta menina cambojana, inteligente, vivaz, em tudo uma criança que busca conhecer o mundo.

O pequeno Rémy chegou e aumentou a alegria da família e dos amigos. Acometido de uma pequena icterícia, necessitou ficar dois dias no hospital para o tratamento de fototerapia, tratamento recorrente nos casos de icterícia neonatal.

Sob o sol do Camboja: Sousday. No entanto aqui o Rémy nao pode aproveitar deste maravilhoso sol. Ele nasceu no Canadá, em pleno inverno, num dia frio e ventoso. Rémy nos trouxe o sol. O sol do Camboja.