20.8.08

Sobre a vida e sobre a morte

A vida ensina, dizem e é verdade. Cada experiência que passamos, cada sucesso, cada fracasso, cada alegria ou decepção nos ensina a ser melhor da próxima vez; não cometer os mesmos erros, não se entusiasmar tanto, agir com mais cautela. Nem sempre aprendemos, isto é certo, mas tudo isso nos ensina.

Dizem também que a morte é de está vivo, mas quem está vivo não se acostuma com este fato. Ver amigos e parentes queridos morrerem é muito doloroso. Dói pela perda do ente querido e dói pela certeza de que não somos eternos, os que amamos não são eternos. Pelo menos neste plano em que vivemos. Nos consola a certeza de que nos encontraremos em outro plano. Assim quando consolamos as crianças ao dizer que a pessoa que morreu está no céu, queremos também consolar a nós mesmos.

Diante de fato tão real e tão cruel que é a morte, muitos decidem desacreditar na vida e passam a vê-la somente dentro do plano material. Somos matéria, fadados à finitude, isso é tudo, dizem. Morrer, acabou, não nos resta mais nada, pregam.

Mas o que a vida nos ensina sobre a morte? A vida nos ensina que a morte é uma conseqüência natural da vida. As plantas, morrem, os animais, nós morremos também. E por que sendo a morte uma conseqüência natural da vida não nos acostumamos com ela? Penso que a resposta está no fato de amarmos a vida e no nosso de não finitude. Mesmo em condições difíceis, diante de uma doença grave, o nosso desejo de viver pode aumentar.

Queremos viver! Às vezes nos perguntamos como pessoas em situação de risco, como guerras, conflitos ou catástrofes lutam até o último minuto pela vida. Lutam para viver. Lutamos pela vida todo o tempo, esta é que é a verdade. Então diante da morte lutamos diante da realidade de perdê-la. Mas se olharmos a natureza e todos os seres viventes e não viventes, vemos que a vida está nela e que tudo e todos que por aqui passam deixam um pouco de si. Somos elemento da terra, somos pó como diz a Bíblia, lá também diz que o corpo volta ao pó de onde veio e a alma volta para Deus que a deu. Pensemos nisto.

Adeus a uma amiga que partiu

No último fim de semana nós perdemos uma pessoa querida. Ela se foi, nos deixou com muitas saudades e ela mesma relatou em cartas a saudade que sente de todos nós. Uma alma boa e tranqüila é a nossa amiga Rita, diligente, trabalhadora, uma boa ouvinte. Cada vez que a encontrávamos no seu salão, ela nos recebia com um sorriso terno e acolhedor.

Não lembro de tê-la ouvido reclamar da doença que sofria; não lembro de tê-la ouvido maldizer, reclamar da dor ou do cansaço. Ao contrário, ela trabalhava com alegria, seu semblante transbordava de satisfação em ver o seu trabalho realizado, em nos deixar mais bonitas. Certamente Rita amava seu trabalho e o fazia com grande satisfação. Certamente foi-lhe muito difícil abdicar do seu trabalho nos últimos anos por conta das complicações da doença; ela só parou de trabalhar no dia em que realmente o seu não respondia bem a ao seu desejo de estar de pé e atender suas clientes com o seu belo sorriso.

Sim, seu corpo deixou de obedecer a sua vontade de viver e lutar nos últimos meses. Diante de uma cirurgia eminente ela passou a se preparar para partir. Todos que a encontraram no período antes do seu internamento relatam esta impressão de despedida. E ela realmente partiu quinze dias após ter feito a cirurgia. Antes da cirurgia, no dia 03 de agosto, Rita escreveu cartas para os amigos, clientes e também cartas individuais para alguns membros da sua família.

Foi muito tocante ouvir as suas últimas palavras para nós, amigas e clientes. Amigas, sim, porque aprendemos a amar e a admirar uma pessoa com tanta vontade de viver e lutar como a nossa querida Rita.

Quero deixar aqui registrada a minha homenagem a Rita, doce amiga que partiu pois seu corpo não pode mais obedecer a sua vontade de viver e lutar.