16.12.05

O frio, a neve, o calor e a cultura

Em semanas come esta onde as temperaturas estiveram numa média de -20 graus é que se sente o verdadeiro efeito do frio. É meu segundo inverno aqui em Sherbrooke, e confesso, cada inverno é necessário uma nova adaptação. No primeiro dia que fez -20 por exemplo, quando coloquei os pés fora de casa respirei fundo e meu nariz congelou, acho que as vias respiraórias também. O caso é que para se respirar num dia frio como este precisa alternar a respiração boca nariz para não se sentir o impacto do frio nas vias respiratórias. Quando o nariz congela a melhor forma de voltar a aquecê-lo é tampá-lo com as mãos.

Nestes dias gelados a neve não cai, as vezes têm muito vento e umidade o que torna a sensação térmica ainda mais fria. Sorte nossa que nestes dias o vento esteve amigável e a taxa da umidade do ar também. Hoje uma mudança de temperatura, estamos em cerca de -7 graus e uma tempestade de neve com vento. O vento provoca um fênomeno que é chamado de "poudrérie", uma espécie de poeira de neve. É bonito de ver.

Sai de casa com a tempestade de neve. Na Radio Canadá já avisava para os motoristas terem cautela nas estradas. Achei a visibilidade do ar muito boa, mas creio que será bem difícil qualquer pessoa viajar durante a noite.

Esta neve linda e branca, o frio intenso, mas tudo isso não faz o canadense ficar frio e esquecer que estamos em pleno tempo de festas, tempo de confretarnização com família e amigos. Sentimos um calor humano entre as pessoas e isto é muito bom.

Tem uns aspectos culturais dos quais me questiono. Por exemplo, o fato das crianças aqui acreditarem em Papai Noel e esta ilusão ser alimentada pelos pais e mesmo pelos irmãos mais velhos. Lembro-me que para mim o Papai Noel sempre foi um personagem, jamais alguém que existisse. Outro dia uma colega disse que sua filha de 10 anos ainda acredita em Papai Noel. Achei estranho como uma criança em pleno século 21 e com toda o poder de informação da internet ainda acredite em Papai Noel e escreva cartas e pedidos no tempo de Natal. Penso que a criança deixa-se enganar pois sabe que vai ganhar presentes.

De toda forma, fiquei com uma inquietação e ainda não tive coragem de indagar a esta colega se por acaso sua filha acredita em Deus. Sei que a comparação parece estranha mas, numa sociedade que alimenta a ilusão de um homem que fabrica presentes e dá para as crianças de todo o mundo durante o Natal mas não acredita em Deus. Desculpem, para mim existe algo errado.

Festa de encerramento do curso de francês
O curso de francês escrito terminou. No dia 14 tivemos uma festa de encerramento no local reservado para os estudantes da Faculdade de Letras. Foi uma festa multicultural. Cada um levou um prato típico do seu país e confraterzamos com brincadeiras e trocas de presentes.

Alguns pratos típicos que degustamos:vatapá : Brasil, e levado por mim, evidentement. Todos amaram e queriam saber como se faz; suchi, simplesmente deliciosos; guacamole, tartière, escabeche de frango e muitas outros, como saladas, empanadas, um doce de leite ao forno, meu suflê de goiaba, etc.

3 comentários:

Alexandre Costa disse...

Elyene
Acho que alguns mistérios da vida são acompanhados de "crenças de ilusão" que deixam nosso espírito jovem e leve. Não devemos perder esta parte de nós que nos mantém sóbrios na vida para encará-la de perto e com coragem. Eu até ontem descartava completamente a noite de Natal e o Papai Noel...mas depois que a gente tem um filho, volta a ser criança pra eles...bjs

Alexandre

Elyene disse...

Alexandre, gostei muito do seu comentário. Mas realmente não se trata de perder a magia das coisas. Amo o Natal e gosto da sua magia e cores. Até me visto de Papai Noel :)

Mas tudo isso é simbólico, e num certo momento as crianças precisam saber diferenciar símbolos e realidade.

Alexandre Costa disse...

Concordo 100% com vc.
Bjs


Alexandre